Lembro-me da casa dela na encosta,
E lá em cima no alto do rochedo,
Braço aberto, na ponta do penedo,
O Cristo olha o mar de Costa à Costa.
Cacifado num joguete de aposta,
Envolvendo dinheiro, amor e medo
Resignado jaz no monte, a pé quêdo
E venerado, majestade posta!
Foi no meio deste drama que te vi
E desde então, na vida eu me perdi,
Como quem foi também crucificado!
Não na cruz, mas no ardor dos teus abraços
E na doce ternura dos teus braços,
O anelar de um porvir despedaçado!